Um garoto qualquer

Adeus-me

Ai Deus meu

Me dissolvo

Cascas caem pelo caminho

Passarinhos devoram meus restos

Achava que aquilo era eu.

Mas era pele.

Outra camada. Mais outra.

Lascas de ego se partem na terra

Se despedaçam e se despedem

Me desempedem

Apavoram.



Me apavoro porque não aprendi a ser livre.

Porque não fui ensinado a morrer.

E agora é um eu que se despede.

Adeus-me

Deus me

Ajude

A entender

Que o medo de morrer é, na verdade,

Medo de viver

É preciso mais coragem para ser feliz

Do que para não ser.



Um dia de adeus responde tudo. Sem nem falar.

Reflete a imensidão vazia que é o que é.

Calam perguntas

Cala-se a mente

Então a alma nasce

A alma está. A alma sente.

A mente mente

Me dissolvo.

Tenho medo

E vou andando.