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Quando eu era pequeno o mundo era dividido entre "meus amigos" e "meus inimigos". O maniqueísmo da minha infância não era delírio, mas condição social real. Os meus amigos eram aqueles que brincavam comigo, os demais queriam me bater.

As meninas eram um caso a parte, elas me achavam nerd e gordo(sim,eu era gordo). E por isso me odiavam. Tudo bem que minha situação mudou muito, já que estou ainda mais magro e um pouco menos nerd. E é meio triste ver alguém pegando minha foto daquela época e dizendo: "que bonitinho!" - porque não achavam isso antes?

Mas o que me preocupavam mesmo eram os "inimigos". Como nos videogames, eles eram maiores que eu. Diferente dos videogames, eu não conseguia bater neles.

Vida escolar.


E na escola havia sempre aquele pessoal que não ia com a minha cara. "Só sei que eu sinto que foi sempre assim minha vida inteira". Até hoje as pessoas as vezes, simplesmente, não vão com a minha cara.



Eu chego num ambiente social e fico num dilema. É porque se você for muito chato, as pessoas vão te ignorar, eventualmente vão te bater. Se você for muito legal as pessoas vão te odiar com todas as forças. Tento não ser chato e sou incapaz de ser muito legal, então fico ali entre o medíocre e o insignificante.

Mas alguns problemas acontecem. Primeiro, eu faço piada de tudo - mas não sou engraçado. As vezes eu faço a piada errada na hora errada, o que me traz má aceitação do público. As vezes (bem raramente), eu faço a piada certa na hora certa! E todos acham graça - e passam a me odiar, pois estou "invadindo seus territórios".

"Quem ele pensa que é?" ou "Onde já se viu falar assim de coisa séria?". "Ele se acha!". "
muleque babaca!". Tem gente que não vai com a minha cara.


Rodrigo fernandes